Resumo:
Este trabalho foi desenvolvido em função do grande aumento na geração de borra de tinta no segmento da indústria automotiva. O resíduo gerado nas Cabines de Pintura após a realização do tratamento de água, atualmente, é destinado ao coprocessamento de grandes cimenteiras como forma de combustível em altos fornos. Para que se possa avaliar exatamente o tipo de resíduo que está sendo enviado a outro processo, este trabalho tem o intuito de caracterizar a borra de tinta misturada e desativada entre primer, base coat e verniz e comparar com a borra de tinta desativada somente de Verniz, seja na forma in natura ou após o tratamento térmico. Os resíduos foram submetidos às temperaturas de queima escalonada de 200ºC, 600ºC e 1.000ºC, em um forno elétrico, a fim de verificar a perda de massa em cada uma das etapas, sendo chamado este procedimento de tratamento térmico. As caracterizações foram realizadas por meio das técnicas de análises térmicas por Termogravimetria (TG/DTG), análise mineralógica por Difratometria de Raios X (DRX), análises químicas por Microscopia de Varredura Eletrônica e Sistema de Energia Dispersiva (MEV/EDS), Espectroscopia Vibracional no Infravermelho (FT-IR), Espectroscopia de Absorção Atômica (AAS) e Espectroscopia de Chama, e análise do tamanho das partículas, por meio do ensaio de Granulometria. Algumas caracterizações foram realizadas com os resíduos in natura e outras após o tratamento térmico, dependendo do tipo de caracterização. Como principais resultados,
a análise térmica mostrou redução de aproximadamente 95,49% em massa para a primeira amostra e 99,49% para a amostra de verniz desativada, seguido de uma variação não significativa a partir de 533ºC, em função da grande quantidade de umidade, compostos orgânicos voláteis e matéria orgânica presente nas amostras. A caracterização mineralógica por DRX apresentou como principais minerais a rutila (TiO₂), óxido de alumínio (Al₂O₃), quartzo (SiO₂) e lazurita (Na₈.₅₆(Al₆Si₆O₂₄)(SO₄)₁,₅₆S₄₄). A caracterização morfológica por MEV/EDS demonstrou a presença de aglomerados heterogêneos e tamanhos variando entre 2 μm e 300 μm para a amostra de borra de tinta misturada e desativada e 3 e 250 μm para a amostra de verniz desativada. As amostras na forma in natura apresentaram substâncias cancerígenas. Já as borras desativadas, após o tratamento térmico, não apresentaram componentes prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, podendo ser encapsuladas em diversos tipos de materiais.