Projetos acadêmicos de competição tecnológica, política de inovação e a teoria de Andrew Feenberg

Abstract

Trata-se de uma investigação sobre possíveis conexões entre projetos acadêmicos de competição tecnológica, a atual Política de Ciência, Tecnologia e Inovação e a Teoria Crítica da Tecnologia, visando a promover inclusão social através de sistemas técnicos em uma abordagem interdisciplinar. Diante da constatação de que, ao longo do século XX, o conhecimento tecnológico tornou-se caráter essencial das sociedades, mas que tais sociedades têm sido edificadas em meio a contextos antagônicos de prosperidade e pobreza, oportunidade e exclusão, estudam-se meios efetivos de hackear a tecnologia e reprojetá-la sob uma perspectiva mais inclusiva. A contribuição do projeto consiste em propor um mecanismo sistemático de combate à desigualdade e exclusão através de sistemas técnicos de uma universidade financiada com recursos públicos. Objetiva-se investigar canais de aproximação entre a universidade e a sociedade civil através de sistemas técnicos de uma universidade pública e responder à pergunta: Como incorporar demandas sociais em sistemas tecnológicos de modo que os artefatos gerados contemplem interesses de populações não hegemônicas? A metodologia iniciou-se pela exploração da literatura referente aos estudos sociais de ciência e tecnologia, os quais a remeteram à Teoria Crítica da Tecnologia como referencial teórico e à escolha das competições tecnológicas como objeto de estudo. A pesquisa de campo realizou entrevistas qualitativas e realizou visitas às oficinas. A forma de tratamento das entrevistas foi a análise de conteúdo de Bardin. A análise das entrevistas revelou que há resposta positiva nas falas dos alunos e professores quanto a uma maior aproximação entre a universidade e comunidade civil, de modo a gerar artefatos e processos voltados para populações mais vulneráveis. A grande questão seria ‘como’ trazer essas demandas sociais para a academia. Também revelou que, espontaneamente, essas questões quase não aparecem nas falas, comparavelmente às necessidades do mercado. Finalmente, os resultados da pesquisa evidenciaram grande convergência referente à questão da “aprendizagem pela prática”, que emergiu, de diferentes formas, como demanda dos contextos político-econômicos e como resposta a esse contexto no sistema pedagógico. O “aprender pela prática” também apareceu nas falas de alunos e professores como eficaz e prazeroso sugerindo um caminho possível para o exercício do projetar sistemas técnicos com excelência e carregados de valores, como equidade e inclusão, indo ao encontro da Teoria Crítica da Tecnologia.