Avaliação de áreas urbanas baseada no Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável (DOTS).

Abstract

O crescimento desordenado das cidades tem acarretado, em muitos casos, uma série de problemas que implicam no uso e ocupação no meio urbano, afetando diretamente as necessidades de deslocamentos e geração de viagens da população. Os municípios brasileiros de médio porte carecem de estudos que tornam o planejamento urbano mais eficiente afim de nortear o poder público nas escolhas de prioridades, principalmente diante de recursos limitados. No contexto da integração do uso do solo e transportes, há carência no diagnóstico das áreas urbanas subutilizadas, que poderiam ser revitalizadas e utilizadas como alternativas para a melhoria da mobilidade voltada sempre para aumento da qualidade de vida. O objetivo deste trabalho consiste no desenvolvimento de um modelo de priorização de áreas urbanas para projetos integrados de revitalização e mobilidade sustentável, baseado nos princípios do DOTS (Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável). Para isso, foi realizada uma pesquisa exploratória dos fatores que compõem a integração entre uso do solo e transportes para a elaboração do modelo de decisão com abordagem multicritério, seguindo as etapas do método AHP. O desenvolvimento do modelo de decisão se mostrou bastante complexo por envolver diversas áreas do conhecimento, tornando o problema interdisciplinar. O modelo foi estruturado a partir da definição e hierarquização dos critérios relevantes na identificação de áreas para receber melhorias, baseada nos princípios do DOTS. A ponderação dos critérios decorreu dos julgamentos de importância, avaliada através da matriz de comparação par a par dos critérios por uma equipe de especialistas e gestores municipais. O modelo abrange dois grupos de critérios “Questões Sócio-Estruturais” e “Questões Ambientais”. O primeiro grupo considerou as questões de adensamento, densidade populacional, diversidade de uso e ocupação do solo, segurança e o acesso aos transportes sustentáveis. Já o segundo grupo avaliou as condições do relevo e a qualidade do ar e ruído, condições que proporcionam conforto ambiental e interferem diretamente na opção dos usuários pelos transportes sustentáveis. O modelo foi aplicado e validado nas áreas limítrofes ao Rio Sapucaí em Itajubá-MG. A base de dados foi montada no SIG a partir da coleta de dados a campo e na literatura. Os critérios foram normalizados com a aplicação de Funções Fuzzy e agregados a partir da Combinação Linear Ponderada em ambiente SIG. Diante da agregação ponderada e hierarquizada dos critérios, gerou-se o Índice Global de Prioridades que apontou trechos contínuos na região central da área de estudo, como locais prioritários a receber projetos integrados de revitalização e mobilidade urbana. Constatou-se a coerência dos resultados, uma vez que se verificou em campo os princípios do DOTS, destacando a atribuição da maior relevância para as “Questões Sócio -Territoriais”. O desempenho dos critérios no ambiente SIG se apresentou satisfatória possibilitando, aos especialistas e gestores públicos, tanto a compreensão individual de cada critério que integra o modelo, quanto o entendimento das combinações dos critérios para priorização de áreas no entorno do rio. Com base nos resultados, observa-se a viabilidade de incorporar os conceitos de sustentabilidade na gestão e planejamento urbano, através de critérios que descrevem a realidade das médias cidades brasileiras, principalmente no que tange as atividades exercidas no uso do solo e a integração com os projetos para os transportes. O modelo pode servir como uma ferramenta auxiliando os tomadores de decisão à justificar investimentos em áreas prioritárias para receber projetos de revitalização e mobilidade sustentável diante a inconveniente limitação de recursos, visando sempre melhorias na qualidade de vida da população.