Resumo:
O saneamento básico no Brasil, apesar de ter evoluído bastante nos últimos anos, ainda
enfrenta graves problemas, portanto, o estudo de tecnologias que possam viabilizar a
implantação de sistemas de tratamento de esgoto torna-se fundamental para que o país atinja as metas estabelecidas no Plano Nacional de Saneamento Básico, de 2013. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo avaliar o potencial energético e a viabilidade econômica da exploração energética do biogás proveniente da digestão anaeróbia de esgotos e lodo de esgotos em Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) no estado de Minas Gerais, a luz das Resoluções Normativas da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) 482/2012 e 687/2015, que estabeleceram o sistema de compensação de energia pela mini e microgeração distribuída. O estudo também objetivou estimar o potencial de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) com a aplicação do sistema de recuperação de metano. Foram utilizadas quatro metodologias para determinação do potencial de produção do biogás produzido pela digestão anaeróbia de esgotos via reator anaeróbio de leito fluidizado (RALF), além de uso dados experimentais para avaliação da produção de biogás pela biodigestão anaeróbia do lodo remanescente do tratamento de esgotos. Para os cálculos de produção de biogás foram utilizados dados reais de volume de esgoto tratado e população atendida com esgotamento sanitário apresentados no relatório do Diagnostico de Serviços Água e Esgoto – 2015 (BRASIL, 2017). Os resultados indicaram que este sistema é economicamente viável na
maioria das cidades acima de 50.000 habitantes, sendo que 86% dos municípios com
população entre 50.000 e 150.000, 67% dos municípios com população entre 150.000 e
250.000 e 100% dos municípios com população superior a 250.000 apresentaram Valor
Presente Líquido (VPL) positivo e Taxa Interna de Retorno (TIR) maior que a taxa de
atratividade (8%). O tempo de retorno do investimento (payback) médio nos municípios onde o investimento se mostrou viável foi de 1,25 anos para as cidades com população superior a 250.000 habitantes, 4,49 anos as cidades com população entre 150.000 e 250.000, 2,08 anos para as cidades com população entre 50.000 e 150.000 habitantes e de 7,97 anos para as cidades com população inferior a 50.000 habitantes. Foi identificado um potencial de geração de eletricidade de cerca de 47.140 MWh por ano e um potencial de redução de emissões de GEEs próximo de 325.800 tCO₂eq/ano com a implantação do sistema de recuperação energética de metano nas ETEs de Minas Gerais.