Resumo:
O Brasil apresenta em sua matriz de energia elétrica aproximadamente 70% de geração hidrelétrica e, consequentemente, o grande número de reservatórios existentes dão lugar também às novas necessidades sócio-econômicas sobre o uso da água. Um panorama geral do setor elétrico e do turismo em alguns reservatórios hidrelétricos brasileiros apresentados enfoca o desenvolvimento destas atividades e os conflitos decorrentes do uso não-equilibrado deste recurso natural. Algumas ferramentas como o Plano Diretor de Reservatório são destacadas como forma de disciplinar o uso múltiplo e minimizar as interferências ambientais decorrentes da operação dos reservatórios, atentando para a responsabilidade sócio-ambiental das hidrelétricas e para o atendimento às leis e normas existentes. O estudo de caso da HE Caconde aborda o conflito entre a geração de energia e o seu uso turístico, tendo a análise do estudo baseada em questionários aplicados aos setores envolvidos Agência Nacional das Águas - ANA, Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, a concessionária AES Tietê e o setor turístico) e em matrizes de impactos (modelo Leopold) desenvolvidas sobre o uso múltiplo e a gestão integrada existentes nesta localidade. Os resultados mostraram que a operação e a gestão atuais fazem com q que o uso do reservatório de Caconde apresente um índice relativo extremamente negativo, sendo que, do contrário, uma gestão ideal poderia otimizar a operação e minimizar bastante os conflitos sócio-ambientais existentes. Ao final, considera-se que a crescente preocupação da sociedade sobre a sustentabilidade ambiental e a relevância do assunto demandam uma mudança de “paradigma” do setor elétrico, requerendo maiores estudos sobre o tema e a aplicação efetiva de metodologias que objetivam alcançar um uso ideal da água pelos diferentes usuários.
