Resumo:
A temperatura é um parâmetro essencial no entendimento das estrelas e sua evolução, mas também um dos mais difíceis de determinar com precisão. Além disto, a quantidade de dados produzida pelos novos espectrógrafos e telescópios demanda a determinação cada vez mais rápida da temperatura para se realizar a análise dos dados com velocidade compatível com a produção destes. Nosso objetivo é avaliar um método rápido para estimativa da temperatura estelar. O método para a determinação da temperatura efetiva por razões de linhas consiste em empregar razões das medidas de largura equivalente de pares de linhas espectrais de absorção, com grande diferença de potenciais de excitação, como indicadores de temperatura. Mas, em geral, as razões conhecidas e disponíveis na literatura foram determinadas para trabalhos específicos e são limitadas a certos comprimentos de onda e tipos espectrais. De modo a estender este método para estrelas de tipos espectrais variados e ampliar a faixa de comprimentos de onda possível, estudamos novas razões de linhas utilizando espectros sintéticos.
Produzimos 476 espectros sintéticos utilizando os modelos de atmosfera de Kurucz (1993) e calculados com o programa SPECTRUM (Gray & Corbally, 1994), para a região de comprimento de onda de 3000 - 6800 Å, com temperaturas variando de 3500 – 50000 K, para valores de log g iguais a 0.0, 0.5, 1.0, 1.5, 2.0, 2.5, 3.0, 3.5, 4.0, 4.5 e 5.0, [Fe/H] = 0.0 para a metalicidade, velocidade de turbulência iguais a 1 e 2,5 e dispersão de 0,1 Å.
As medidas de largura equivalente de uma seleção de linhas metálicas da lista de Barbuy et al. (2006) foram obtidas para estes espectros usando um código automático – ARES - de Sousa et al. (2007) e, em seguida, pares de linhas foram investigados, de acordo com critérios estabelecidos e discutidos neste trabalho, para consignação de novas razões e aprimoramento da técnica. Como resultado, apresentamos vinte e sete novos pares de linhas, obtidas de cinquenta e uma linhas espectrais de elementos metálicos, contidas na faixa espectral entre 4200 Å e 6400 Å, que foram identificadas como indicadores de temperatura e/ou gravidade superficial. Discutiremos, também, sobre as dificuldades e limitações para a determinação deste parâmetro estelar.