Resumo:
A crescente produção de biodiesel no Brasil e no mundo tem gerado um excesso de glicerol, cujos preços têm se tornado cada vez menores. A grande quantidade deste subproduto somada a seu decrescente valor econômico tem tornado a valorização energética do glicerol objeto de vários estudos, o que pode configurar uma opção de suprimento energético para a própria indústria de biodiesel por meio da chamada técnica de cogeração. Neste contexto, a viabilidade do suprimento de eletricidade e calor em uma planta de produção de biodiesel por meio de glicerol foi avaliada. Para tal, uma usina de biodiesel previamente simulada por Galarza (2017) foi utilizada para estimar a quantidade de glicerol e a demanda energética a serem aplicadas na simulação dos processos de queima e reforma a vapor do glicerol, ambos por meio do software computacional Aspen HYSYS™. Em seguida, o potencial de geração elétrica por meio de uma célula a combustível de óxido sólido foi avaliado por meio de modelagem matemática por meio do software MATLAB™. Por fim, uma análise econômica foi utilizada para avaliar a viabilidade da configuração proposta em um sistema real. Foi constatado que, embora a células de óxido sólido tenha apresentado ótimo potencial de conversão energética do gás de reforma, sendo capaz de gerar os 5,8 kW de eletricidade necessários, o aspecto econômico ainda se apresenta como uma dificuldade para a implementação de sistemas similares em situações reais. Tanto o custo de produção de hidrogênio quanto o custo final de eletricidade se mantiveram acima do valor de mercado, sendo a eletricidade, para todos os cenários, gerada a mais de 0,40 USD/kWh contra um valor médio de 0,12 USD/kWh praticado pela concessionária.