Resumo:
Esta pesquisa é um estudo interdisciplinar sobre o tema do desenvolvimento em sua articulação com a educação formal. Teve como objetivo compreender os sentidos produzidos pelos sujeitos de uma escola pública do Estado de Minas Gerais em relação às principais políticas educacionais pensadas para o ensino médio regular, no contexto da ideologia neoliberal e do fenômeno da globalização. Dentro desta perspectiva, buscou ampliar a reflexão sobre os sentidos hegemônicos que circulam no campo cultural/educacional e que definem as práticas e modos de ser dos sujeitos, bem como sobre as possibilidades de ruptura e de produção de outros sentidos. O estudo se propôs a responder a seguinte questão: qual a concepção de desenvolvimento subjacente às políticas públicas atuais propostas para o ensino médio? Foram utilizados recursos fotográficos e observações no cotidiano escolar, além de entrevistas semi-estruturadas e conversas informais com gestores, técnico, professores e estudantes. Para a análise dos dados, foram utilizados princípios e procedimentos da Análise do Discurso de linha francesa, derivada dos trabalhos de Michel Pêcheux e Michel Foucault. O estudo revelou que as políticas têm dado destaque ao aspecto social, porém, dentro de uma perspectiva assistencialista e compensatória, não reverberando na qualidade da educação e nem na questão do desenvolvimento. A concepção de desenvolvimento nas políticas, analisada por meio das práticas discursivas dos sujeitos, demonstra que o fator econômico ainda ressoa significativamente no contexto escolar, apesar de haver discursos contrários a esta concepção. O desenvolvimento, sob seu aspecto estritamente econômico, tem produzido novas subjetividades, porém tem contribuído mais para a alienação e sofrimento dos sujeitos do que para sua emancipação.