Resumo:
Uma ferramenta muito útil de uso frequente na maioria das empresas, o ERP também tem sido um instrumento de auxílio à eficiência nas instituições de ensino superior. No entanto, a implantação de um ERP pode provocar mudanças na organização e produzir deslocamentos de poder, alterando a forma como este é distribuído na estrutura organizacional pré-estabelecida. Nas universidades predomina um contexto democrático de tomada de decisão e a estrutura da Burocracia Profissional, em que os professores detém considerável grau de poder nas deliberações. A organização profissional se caracteriza pela supremacia do poder do conhecimento sobre a estrutura hierárquica, em que os profissionais, detentores de habilidades específicas, estão diretamente envolvidos no fornecimento de produtos e serviços. Estudar e analisar como se dá o deslocamento de poder na gestão acadêmica de uma universidade pública após a implantação do ERP, objetivo geral deste estudo, poderá proporcionar contribuições relevantes para esse tema de pesquisa, uma vez que a maioria das pesquisas frequentemente não abordam problemas relacionado às suas implicações políticas. A revisão da literatura foi efetuada em função dos sistemas de informação, das estruturas organizacionais e do deslocamento de poder no contexto universitário. A metodologia utilizada neste trabalho foi a pesquisa descritiva qualitativa por meio de um estudo de caso, utilizando-se de entrevistas e questionários para a coleta de dados. Entre os resultados alcançados na instituição estudada, aponta-se que o ERP promove mudanças de natureza tecnológica e estrutural nos processos de gestão acadêmica, que equilibram a distribuição de poder dentro da organização. A tecnoestrutura e a cúpula estratégica se tornaram mais fortes, com um acréscimo de poder deslocados do núcleo operacional, da linha intermediária e da assessoria de apoio. Os impactos negativos percebidos são frequentemente relacionados a falhas no planejamento e no treinamento. Por fim, recomenda-se um passo a passo para diagnosticar o deslocamento de poder decorrente da implantação do ERP e, assim, obter melhores resultados desse sistema na organização e em menor prazo.