Resumo:
A geração de energia por aproveitamentos hidrelétricos, apesar de ser uma matriz considerada limpa e renovável, apresenta seus maiores impactos durante a implantação do empreendimento e, sobretudo, de seus reservatórios artificiais. Passados os efeitos e atenções principais da época da construção das usinas, ao longo dos anos de operação, os reservatórios continuam como potenciais geradores de impacto ambiental. Fica evidente a importância do tema sabendo que, no Brasil, a extensão das orlas de seus reservatórios é muito superior a sua costa oceânica. No presente trabalho destacam-se aspectos pertinentes aos temas “Reservatórios” e “Meio Ambiente”, explorando a correlação entre as características físicas e operacionais do reservatório da UHE Porto Colômbia, as condições do vento predominante na região, os efeitos erosivos em suas margens e as características da vegetação ciliar. Para tanto, buscou-se contribuições junto à literatura especializada e a memória técnica do empreendimento, que serviram de referencial teórico e orientaram a formulação das hipóteses para o estudo. Com o alicerce teórico e os dados técnicos levantados, o estudo apontou teoricamente a susceptibilidade aos processos erosivos para as regiões da orla do reservatório, pela influência das ondas formadas pelo vento. Completando o trabalho, buscou-se a validação das hipóteses, quando os resultados do modelo teórico foram confrontados com os levantamentos de campo, que investigaram a evolução dos processos erosivos e demais características das margens, em especial quanto à ocupação da orla e a manutenção da vegetação ciliar, após mais de três décadas de operação do reservatório. Destaca-se também que esse estudo está imbuído de um significado maior, propondo ações proativas para a identificação e o tratamento preventivo dos impactos ambientais, onde a preservação das margens dos reservatórios é concebida como pré-requisito para a viabilidade de um projeto de central hidrelétrica.